A fala é um meio especial de comunicação que usa a linguagem como seu principal instrumento na transmissão de informações. É definida como a faculdade de expressão audível e articulada do homem, produzida pela ação da língua e dos órgãos vocais adjacentes.
Sua manifestação se da por meio de um conjunto de sinais falados (glótica), escritos (gráfica) ou gesticulados (mímicas), que representam o sistema simbólico de comunicação da expressão, com gramática e sintaxe organizada para serem convertidas em um sentido semântico. Sendo assim, a fala é um mecanismo regulador do comportamento e fixador do curso de processos mentais.
A fala se divide entre fala expressiva e fala impressiva. A fala expressiva está relacionada a uma ideia geral a ser veiculada. Esta é codificada em esquema de fala, imagens ou conceitos a serem expressos onde são convertidos em fala narrativas baseadas em gramáticas, tomando por base uma organização léxico-semântica. Desta forma, ocorre à transição do pensamento em fala, em que as palavras são organizadas em frases ou expressões. Já a fala impressiva, esta começa pela percepção de fluxo de fala recebido de outra fonte, externa. Este conteúdo é decodificado a partir das seguintes etapas: análise da expressão falada percebida, identificação de seus elementos significativos e redução desses elementos a um determinado esquema de fala. Por meio da fala interna, esse esquema é convertido na ideia geral da expressão e o motivo por trás desta é decodificado.
Afasias:
Afasias são desordens relacionadas processamento da linguagem devido a alterações de regiões específicas do cérebro. Denotam um mau funcionamento do processo que estabelece a correspondência entre os pensamentos e a linguagem.
As afasias indicam haver um problema quanto ao processamento simbólico da linguagem, podendo vir a afetar tanto a formulação como a compreensão desta. No caso de prejuízo quanto à formulação da linguagem, o paciente não consegue traduzir seus pensamentos em palavras. E, quando da dificuldade de compreensão da linguagem, o paciente não consegue colocar em imagens as palavras que lhe são faladas por alguém. O primeiro caso é chamado de afasia expressiva e o segundo afasia receptiva.
A afasia, além de afetar a capacidade de comunicação, compromete qualquer habilidade em que seu desempenho final dependa do uso de discurso interno. Deve-se diferenciar a afasia de desordens da percepção, como a surdez, por exemplo. A afasia também não está relacionada à alteração do pensamento, déficits cognitivos generalizados ou específicos de atenção ou memória. As alterações causadas pela afasia não tem origem motora, o que comprometeria a articulação da fala por meio de movimentos descoordenados no discurso, como ocorre na disartria. As causas mais comuns de quadro afásicos são: traumatismo craniano, derrame, demências degenerativas, como doença de Alzheimer, e tumores cerebrais.
A Parafasia Fonêmica é a produção incorreta de uma palavra ou a substituição de uma palavra alvo por outra cujas sílabas têm semelhança sonora. A Parafasia Semântica representa a seleção incorreta de uma palavra, que pode acontecer de três maneiras diferentes. Em um erro de produção, a palavra alvo é substituída por outra palavra, sendo usada como um sinônimo. O segundo caso é quando a palavra emitida está semanticamente relacionada à palavra alvo. E, há possibilidade de ocorrer um real erro, situação em que não existe relação entre as palavras. O Circunlóquio pode ser compreendido como um comportamento verbal caracterizando por dificuldade de achar a palavra desejada e por isso falar em demasia. O excesso de fala tem o intuito de substituir a palavra correta, mas o discurso se torna vazio e sem sentido. A Anomia se refere à dificuldade em nomear palavras ou conseguir evocá-las. Também existe a disnomia. A Agrafia é a dificuldade adquirida de escrita ou capacidade de soletrar palavras. A Alexia ou dislexia adquirida representa o comprometimento adquirido da habilidade de leitura. É a dislexia adquirida difere da dislexia como distúrbio de aprendizagem. A primeira representa uma alteração da capacidade de leitura adquirida ao longo da vida frente a uma condição mórbida enquanto que a segunda representa um desenvolvimento atípico dessa habilidade.
Afasia de Broca
O cientista francês Pierre Paul Broca, em 1861, localizou na zona posterior do terceiro giro frontal esquerdo, a parte motora da fala, apontando para uma dificuldade em falar quando de uma lesão nessa região. Na Afasia de Broca. O discurso é lento, não fluente, com reduzido número de palavras e longas pausas entre estas, somado a falta de modulação melódica. Mas pode ser feito com certo sucesso. A seleção das palavras usadas é, geralmente, correta para a designação de nomes de pessoas, objetos e locais, porém menos efetiva quanto às conjugações verbais. A habilidade de repetir palavras ordenadas em forma de sentença mostra-se comprometida, pois estas são dispostas em sequência aleatória. Apesar disto a aptidão de compreensão de seu significado mantém-se intacta. Há presença de sinal neurológico associado ao prejuízos mencionados, sendo estes de fraqueza muscular do braço e face(hemiparesia), ambos do lado direito.
Afasia de Wernicke
O neurologista alemão Carl Wernicke, em 1873,localizou na zona do terço posterior do giro temporal superior esquerdo a fala sensorial. A Afasia de Wernicke abrange uma dificuldade de compreensão da fala quando de uma lesão nesta região. Há déficit sensorial da linguagem, que torna a pessoa incapaz de reconhecer palavras faladas, mesmo com audição intacta. A capacidade de produzir adequadamente sons individuais está preservada. Entretanto, a sequência destes sons em uma palavra é trocada, somado ao fato de poder adicionar ou subtrair fonemas de forma a distorcer a ordem fonêmica de determinada palavra. As alterações encontradas na Afasia de Wernicke têm localização mais específica no setor posterior do córtex associativo esquerdo.
Afasia de Condução
Repetir sentenças corretamente, construir fonemas de modo efetivo e nomear objetos adequadamente estão comprometidos no caso de Afasia de Condução. Esses prejuízos são semelhantes aos apresentados nas Afasias de Broca e Wernicke. E o que as diferencia destas duas é o fato de na Afasia de Condução a produção do discurso é compreensível, assim como a capacidade de compreensão auditiva está preservada.
Afasia Global
No caso da Afasia Global há perda quase que generalizada da capacidade de compreensão da linguagem e formulação de discurso. O discurso espontâneo se restringe a apenas poucas palavras e sentenças, assim como a compreensão auditiva se restringe a limitado número de palavras.
A Afasia Transcortical se diferencia de todas as outras afasias mencionadas devido à capacidade preservada de repetição de sentenças, se dividindo em três tipos:
A Afasia Transcordical Motora, é caracterizada por fala espontânea comprometida, podendo alcançar o mutismo. A Afasia Transcordical Sensorial, apresenta preservação do discurso espontâneo e, parcialmente, da capacidade de repetição, pois ecolalias podem ocorrer. A Afasia Transcordical Mista engloba tanto a motora como a sensorial. A única função preservada é a capacidade de repetição. Há déficits na linguagem espontânea, na compreensão e na nomeação, sendo este ultimo na intensidade severa.
