Clínica Integrada Godoy

Alterações de Memória, queixas e preocupações

Originalmente o termo metamemória referia-se a uma ampla gama de conhecimentos que as pessoas poderiam ter sobre o funcionamento da memória. O conceito de metamemória é empregado ao conhecimento sobre o funcionamento da memória, crenças como a autoeficácia, previsões de desempenho e afetos sobre a memória. Queixas e preocupações com a memória estão presentes na população em geral, mas a prevalência das queixas tende a aumentar com o avanço da idade. Diversas pesquisas têm investigado significado das queixas de memória em idosos e, sobretudo, buscado identificar a existência ou não de associação entre a percepção subjetiva de perda de memória e a disfunção objetiva. Investiga-se no contexto clínico, o quanto queixar-se da memória é preditivo de declínio cognitivo associado ao envelhecimento ou ao início de patologias, podendo as queixas aumentar conforme o nível de alteração cognitiva em indivíduos em fase inicial de demência, mas diminui conforme o declínio cognitivo encontra-se mais avançado. Isso sugere que percepção de alterações cognitivas varia conforme o curso da demência.
Estudos mostram que os portadores de alterações cognitivas leves apresentam maior risco de desenvolver quadros demenciais. Cerca de 10% a 15% desses idosos tendem a apresentar a doença de Alzheimer (DA) em um ano, o que ressalta a importância da identificação desses casos. Os sinais da doença de Alzheimer iniciam lentamente e vão se agravando com o passar do tempo, isso ocorre porque as alterações nas células nervosas no cérebro acarretam a morte de varias células cerebrais. Uma das queixas predominantes entre idosos é perda da memória. A perda da memória é comum, mas não normal. Trata-se de um problema, por vezes, passível de tratamento e cura.
Frequentemente, a perda da memória é devida de algum fator que, se corrigido a tempo, devolve ao indivíduo a função que estava prejudicada. Um dos grandes vilões são os calmantes e remédios para dormir, os hipnóticos. Os brasileiros são grandes consumidores de tranquilizantes e é extremamente comum que o uso indiscriminado dessas drogas intoxique o usuário, levando-o a quadros graves de rebaixamento intelectual, agitação, delírio e confusão mental. (Sayeg, 2006, p. 1)
Com o envelhecimento, nosso organismo, como um todo, depara-se com uma redução gradativa de várias funções. A essa condição segundo Soderberg (2004), denomina-se “Prejuízo da Memória Associada à Idade – PMAI”, assim definido por não ter relação obrigatória com a doença, mas pelo gradativo declínio no armazenamento de informações. O PMAI não interfere nas atividades do dia a dia e também não representa doença mental. O PMAI é passível de ser contornado eficientemente por meio de tratamento da memória, com exercícios que estimulem a atenção, com formulação de listas de tarefas, com jogos de memória, com cooptações de fatos, objetos e fotos, com orientação de um profissional neuropsicólogo para o estudo da melhor técnica de estimulação para cada caso.
Outro fator relacionado com a perda de memória é a depressão. O cérebro deprimido nos desconecta da realidade onde é difícil manter a concentração, lembrar, reagir, pensar, atender…
A depressão afeta negativamente a memória episódica dos eventos vividos vai além de um estado emocional específico. Essa condição é uma desordem interna, acima de tudo, deterioração no funcionamento cognitivo. A perda de memória devido à depressão vai além do simples esquecimento. Onde tudo parece estar muito longe ou difuso demais para concentrar a atenção e entender o que acontece.
Um cérebro regido pelo impacto do cortisol funciona de maneira diferente. Os neurônios são “acelerados” e promovem processos tão conhecidos como ruminação, preocupação. Diante dessa hiperatividade, para reduzir essa reação exagerada, a exaustão e até a morte neuronal, essas células começam a se “desconectar”.
Portanto, consideramos que o estresse, a ansiedade e a depressão estão na lista dos principais inimigos da memória. Segundo estudos científicos recentes, a liberação do cortisol, conhecido como hormônio do estresse, quando em excesso, pode causar a diminuição do hipocampo, a região do cérebro onde guardamos nossas lembranças e gravamos nossos conhecimentos. No entanto, é importante salientar que o hipocampo é uma das estruturas caracterizadas por uma grande plasticidade.
A perda de memória devido à depressão é um fato. No entanto, cada pessoa a sentirá de uma maneira particular. Depressão leve e moderada, o déficit cognitivo é recuperável por meio de estimulação cognitiva, grupos de autoajuda, psicoterapia etc.. Pessoas que fazem atividades intelectuais tendem a ter uma reserva cognitiva mais complexa que reforça a estrutura do hipocampo.
Por conseguinte, é imprescindível que, ao primeiro sinal de que a memória está demonstrando falhas, se consulte um profissional da saúde, assegurando que perímetro entre o normal e a doença possa ser instituído com segurança.

Sugestões para estimular a memória:
Segundo Sayeg (2006), algumas dicas sobre cuidado com a memória:

– Não aceite de forma passiva o declínio observado;
– Mantenha-se ativo: novos amigos, cursos, leitura, visitas etc;
– Leia pelo menos as manchetes de um jornal diariamente;
– Faça palavras cruzadas dando preferência às de fácil execução;
– Reserve um período do dia para trabalhar a memória;
– Reserve um local da casa com boa iluminação e silencioso para seu treino;
– Assegure-se que só será interrompido se absolutamente necessário;
– Mantenha uma dieta saudável, beba muito líquido e ande pelo menos 30 minutos por dia;
– Evite tensões desnecessárias;
– Quando não entender direito o que foi dito, pergunte;
– Anote tudo que for importante em um caderno ou uma agenda;
– Participe de jogos que envolvam o raciocínio;
– Seja uma pessoa flexível, esteja aberto para ouvir. As pessoas que não são flexíveis acabam sendo excluídas do seu meio social;
– Quando lhe uma pergunta e não puder lembrar-se da resposta imediatamente, não se sinta constrangido, use recursos para ganhar tempo extra para responder: sorria, ajeite os óculos, repita a pergunta, respire fundo, limpe a garganta, etc.

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