Clínica Integrada Godoy

A Ausência da Presença dos Pais na Infância e na Adolescência

A família como estrutura simbólica, tem seus papeis definidos dentro de uma perspectiva constitutiva para o sujeito. Nesta estrutura triangular encontramos pai e mãe enquanto função simbólica e a criança como personagens essenciais no processo da constituição psíquica do sujeito, essas funções simbólicas, por sua vez, exercem seus papeis de formas distintas neste processo, as quais o sujeito necessita reconhecer. Contudo, são várias as situações que podem levar um pai ou mãe a sair da vida de seus filhos, seja pela ausência de presença física ou pelo fato de não exercerem suas funções mesmo estando presentes.

A família atual recobre diferentes realidades. Com os avanços da tecnologia e uso desmedido destes recursos como dispositivos moveis, por exemplo, as jornadas intensas de trabalho, o excesso de compromissos, rupturas da vida conjugal, abandono físico ou afetivo, a falta de convívio familiar mesmo de pais presentes deixam marcas na vida da criança e/ou adolescente, podendo causar grande sofrimento, que se materializa em sintomas e alterações no comportamento que surgem como forma de protegê-los de sentimentos mais profundos de abandono, medo, insegurança.

Muitas crianças e/ou adolescentes passam a desenvolver comportamentos que poderão interferir na formação da sua estrutura psíquica e na constituição de vínculos sociais pelo fato de tornarem-se mais inseguros afetivamente, temem ser traídos, não serem reconhecidos ou serem ignorados, outros, tendem a serem mais dependentes de relacionamentos, mesmo negativos, pois temem perdas afetivas, ou acabam desenvolvendo relações tóxicas com pessoas ou grupos e podem ainda, desenvolver sentimentos de hostilidade consigo mesmo ou com os outros.

Independente de estarem separados ou não, a ausência da presença dos pais na vida de crianças e adolescentes, faz com que muitos substituam suas ausências com presentes, ou atitudes permissivas diante de comportamentos inadequados como forma de compensarem suas próprias faltas, ou sendo negligentes, não estando presentes de fato na vida criança e/do adolescente, se ausentam no exercício de seus papeis na educação, nos cuidados, no apoio emocional e não impondo as regras e os limites necessários a formação do sujeito.
O apoio familiar é essencial em qualquer situação, e embora a ausência paterna e materna seja parte da realidade atual, é possível manter uma relação emocional saudável e necessária para a criança e/ ou adolescente.

É importante que nos momentos em que estiverem com os filhos os pais sejam criativos em sua forma de educar, sugerir trocas, atividades a serem realizadas em conjunto. Dialogar com a criança e/ou o adolescente permite por meio da compreensão, descobrir quais são as dificuldades que estão enfrentando, sejam em casa, com amigos ou na escola, quais os aspectos dessas dificuldades. Outro aspecto importante é que as crianças tomam os pais como modelo e tendem a imitar seus comportamentos. Mesmo com pouco tempo para ficarem com os filhos, por causa do trabalho, é importante impor limites e regras, sempre com carinho e respeito, pois para a criança a falta de limites pode ser traduzida como falta de afeto. Passar o dia inteiro com a criança não é melhor do que passar pouco tempo, o que importa é a qualidade desse tempo. O que importa é estarem presentes de fato.

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