Clínica Integrada Godoy

Apoio psicológico na Infância e Adolescência

O conceito de infância e adolescência é uma invenção própria da sociedade industrial que, ligado às leis trabalhistas e ao sistema educacional no qual supõe a separação entre seres adultos e seres em formação. Essa distinção entre a criança e o adulto fez com que a infância e a adolescência passassem a ser percebidas como um período à parte do desenvolvimento humano.

Assim, a emergência da noção da criança e do adolescente como um sujeito, com especificidades próprias, acarretaram o surgimento de políticas sociais e educacionais que visam orientar a família sobre como criar filhos e corrigir os desvios, tornando-se assim objeto de estudo de especialistas.

No campo da psicologia são estabelecidas normas de conduta previstas para uma determinada faixa etária, o que é normal e o que é anormal. Assim, ao se desenvolver, a criança e o adolescente passa dos estágios mais simples aos mais complexos, chegando à idade adulta. Vemos desta forma, que o que define estas fases é a transitoriedade, ou seja, ser menor, não adulto, define uma condição social e psicológica e torna as gerações interdependentes e hierarquizadas. Mesmo que haja uma pluralidade de infâncias, adolescências e juventudes em função das diferenças concretas das condições de vida existentes na sociedade, a criança e adolescentes são tutelados pelo adulto, já que são desiguais a eles.

Porém, as mudanças socioculturais tendem a promover modificações nas formas pelas quais a infância e a adolescência são percebidas na sociedade contemporânea. Atualmente, há uma tendência ao prolongamento da adolescência e da juventude, em que o tempo de estudo se prolonga, a entrada no trabalho se dá mais tardiamente e a constituição da própria família é postergada.

Antes, a seqüência do ciclo de vida era clara, o jovem primeiro estudava e ao fim da escola se empregava e casava. Hoje, porém, os jovens estudam, trabalham, se especializam, adiam a saída da família de origem e a constituição da própria família. Com todas estas mudanças, os referenciais funcionais que demarcavam os limites entre uma idade e a outra são desorganizados havendo assim, uma desconexão nas diferentes dimensões que definem a entrada na vida adulta, um processo de despadronização do ciclo de vida.

A sociedade contemporânea é caracterizada pela aceleração, pela velocidade, pelo consumo, pela satisfação imediata dos desejos, pela mudança das relações familiares e da relação criança/adolescente/adulto, o processo de socialização é distinto daquele que ocorria anteriormente.

Somando–se a isso, as tecnologias da comunicação, dentre elas a tv e a internet, possibilitam que o acesso às informações se dê sem o controle dos pais, desta forma crianças e adolescentes adquirem maior liberdade e autonomia enquanto que há uma diminuição da autoridade e controle paternos.

Desta forma, as relações de autoridade e os valores sociais e morais passam a ser questionados e revistos. Por um lado, temos a criança e o adolescente precocemente seguros de como devem se comportar, e, de outro, a própria sociedade que se vê em crise de autoridade e confusa quanto aos valores morais que deve adotar o que se reflete nas atitudes dos pais e dos educadores. Os pais se encontram confusos quanto às práticas educativas, não sabendo mais o certo e o errado e se devem ou não impor disciplina aos filhos. Se sentem inseguros e hesitam em impor suas normas, seus padrões sobre o que é certo e o que é errado e acabam por depositar uma confiança, que chega à dependência, nas orientações dos especialistas.

Diante do exposto, nota-se uma emergência na clínica da infância e da adolescência que possui suas peculiaridades por acompanhar pessoas em desenvolvimento, cujos desfechos dependerão da precisão diagnóstica e diagnósticos precoces, do bom entendimento dos sintomas e evolução dos mesmos.

No apoio psicológico, o psicólogo busca investigar e estudar as manifestações psíquicas da criança e do adolescente, incluindo características cognitivas, físicas, lingüísticas, perceptivas, emocionais, sociais, entre outras,  com o intuito de compreender como as variáveis do ambiente e as características individuais interagem e influenciam seu comportamento.

Neste processo, é necessário realizar uma avaliação que consiste em entrevista de anamnese, ou seja, na coleta de informações aprofundadas sobre a criança ou o adolescente, com foco principal em aspectos históricos, desenvolvimentais e nos motivos que levam os mesmos ao tratamento, sendo essa etapa fundamental para o planejamento do acompanhamento psicoterapêutico.

 “o sofrimento é maltratado quando recusamos a ele três condições: a palavra ou a escuta, o compartilhamento e o reconhecimento”. Christian Dunker

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