“A frase foi começada antes dele, foi começada por seus pais […] é precisamente a relação de cada um desses pais com essa frase começada, e a maneira como convém que a frase seja sustentada por uma certa posição recíproca dos pais em relação a ela.” Jacques Lacan.
A nossa história individual se inicia com a concepção, porém, as influências ambientais internas e externas nos acompanham através da história de nossos pais, de seus desejos e fantasias inconscientes, conflitos transgeracionais até o lugar destinado ao bebê. Esta história que está no inconsciente dos pais influência o novo ser desde a gestação até o final da vida.
O bebê está representado no psiquismo do pai e da mãe antes mesmo de sua concepção e seu nome remete a uma história que o precede. O bebê pré-existe ao nascimento, estando inscrito numa história familiar. É pelo nome que o bebê começa a se reconhecer e a descobrir a maneira que ele está ligado a seus pais, sendo capaz de captar tudo o que o inconsciente parental colocou atrás do significado de seu nome.
Com o avanço das ciências medicas e da tecnologia, é possível inferir a existência de um psiquismo fetal em processo de desenvolvimento durante a vida intra-uterina. É possível observar os primórdios da percepção e do comportamento fetal.
Desde a sua primeira semana de vida a criança é um ser existente. Antes de vir ao mundo, este ser passa por sensações, aprendizados e experiências. Seu mundo interno começa a se constituir ainda no útero e o mundo externo terá grande influência no seu psiquismo na vida pós-natal.
A forma como o feto interage com o meio intra e extra-uterino, revela a existência da continuidade das características de personalidade do feto, sendo de total importância o papel da mãe no desenvolvimento físico e emocional do feto.
O estudo do psiquismo fetal é de caráter preventivo e revela a importância da intervenção precoce. Registros mnêmicos, guardados no inconsciente, exercem influência no psiquismo do ser humano em sua vida pós-natal, entende-se desta forma que, estes registros, quando traumáticos, podem nos auxiliar na compreensão de psicopatologias de origem primitiva.
O acompanhamento psicológico perinatal permite perceber a existência de distúrbios que possam ocorrer no relacionamento inicial entre a tríade mãe/ pai/bebê bem como no desenvolvimento emocional do bebê, pois, através da escuta e olhar diferenciados, embasados na teoria e técnica é que permitirá ao psicólogo compreender essa singular forma de comunicação do feto e, posteriormente na clínica, poder fazer conexões entre a história pré e pós-natal do sujeito e seus sintomas.
