Família “Com isso, ela preside os processos fundamentais do desenvolvimento psíquico” (Lacan)
Em tempos modernos, é fundamental pensar a cerca da constituição da família, tendo em vista que a família tal qual a conhecemos atualmente, é o resultado de uma longa evolução histórica. Para a psicanálise esta se constrói dentro de uma estrutura formada pelas funções, materna e paterna, que são essenciais para a constituição-psíquica do sujeito.
O modelo familiar culturalmente estruturado se dá pelas relações existentes historicamente. Para a psicanálise, no entanto, a estrutura familiar está fundada nas funções que o pai e mãe exercem, sendo responsável pela transmissão da cultura. Esta estrutura familiar se orienta e permite a definição por excelência na constituição da psique do sujeito estabelecendo uma continuidade psíquica entre as gerações e está em consonância com uma estrutura psíquica, onde cada um de seus membros ocupa um lugar simbólico, uma função.
Nesta lógica, a constituição do sujeito como Lacan sinaliza em Duas notas sobre a criança (2003) é da ordem “do irredutível de uma transmissão”, pois, supõe lugares pré- determinados que necessitem de pessoas “concretas” para ocupá-los.
Sendo assim, temos dentro desta estrutura familiar a função materna, da mãe, na medida em que seus cuidados têm a marca de um interesse particularizado, mesmo que seja pelas vias de suas próprias faltas. É esse interesse da mãe pela criança que permite a ela supor, nos gritos e choros do mesmo, uma demanda endereçada a ela.
A função paterna enquanto função de mediação entre a mãe e o bebê, auxilia a mãe a reconhecer o bebê em sua dimensão de sujeito, já que para o pai o bebê se constitui como objeto externo desde a concepção.
É a partir da entrada potencial da função paterna, que possibilita estabelecer o pai como terceiro na relação com a criança que se destacam os aspectos reais e imaginários da paternidade.
Desta forma, percebe-se que o processo de parentalização compreende numerosos aspectos que estão relacionados à realidade psíquica de cada um dos pais e as modificações que se produzem em cada um deles no decorrer da gestação e do pós-parto. Esse processo pode ser pensado a partir de três eixos: ao exercício, à experiência e à prática da parentalidade.
Contudo é na articulação entre os três eixos da parentalidade que é possível evitar privilegiar apenas uma dimensão do processo em detrimento de outra. Assim, o acompanhamento psicológico se faz necessário também nesta fase, pelo fato de permitir reconhecer a influência da realidade psíquica de cada um dos pais, as transformações que ocorrem nas formas de parentalidade, e a importância das interações e trocas entre pais e filhos que são essenciais no processo de transição à parentalidade favorecendo o funcionamento das famílias na atualidade.