Clínica Integrada Godoy

Suporte Familiar no Processo de Envelhecimento

O Estatuto do Idoso em seu artigo terceiro legitima a família como responsável por assegurar ao idoso “com absoluta prioridade, a efetivação do direito a vida, saúde, alimentação, educação, cultura, esporte, lazer, trabalho, cidadania, liberdade, dignidade, respeito e convivência familiar e comunitária,” o que nos remete a importância de se estudar este assunto. O suporte familiar contribui de maneira significativa para a manutenção e a integridade física e psicológica do indivíduo. Segundo Gonçalves “cuidar é mais que um ato, é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo, representa uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro.”

Seria fundamental que profissionais da saúde treinassem o cuidador e supervisionassem a execução das atividades assistenciais necessárias ao cotidiano do idoso até que a família se sentisse segura para assumi-las, a família deve ser preparada também para lidar com os sentimentos que acompanham essa responsabilidade.
Alguns estudos mostraram que os cuidados podem acarretar em sobrecarga para os cuidadores familiares. Essa sobrecarga ocorre por um conjunto de problemas físicos, psicológicos, emocionais, sociais e financeiros experimentados por aqueles que cuidam de pacientes com algum tipo de comprometimento. Normalmente, o cuidador deve responsabilizar-se pela rede de cuidados necessários ao sujeito. No entanto, é comum o desconhecimento sobre como lidar adequadamente com o idoso com demência, surgindo à necessidade de orientação e suporte. O cuidador pode ser conduzido ao estresse crônico e ao isolamento social, o que incrementa os riscos de patologias físicas e mentais, como depressão e ansiedade. Portanto, o cuidador também se torna foco de cuidado, recebendo cada vez mais atenção dos profissionais e serviços de saúde.
Além de treinamento específico para lidarem com a situação de cuidar de outro, os cuidadores precisam de suporte social para manter a própria saúde e poderem cuidar de si mesmo, pois ficam expostos a riscos de adoecer, não pela tarefa do cuidado em si, mas pela sobrecarga deste cuidado. Participar de um grupo de apoio terapêutico faz com que a pessoa descubra que ela não está sozinha, que os outros participantes já passaram por situações semelhantes no ato de cuidar. As intervenções direcionadas ao cuidador podem ser de cunho psicoeducacional, psicossocial ou psicoterapêutico e objetivam a compreensão e a aceitação do diagnóstico, a criação de estratégias de enfrentamento e o conhecimento sobre os recursos possíveis para o manejo e possibilidade de expressar preocupações e emoções. Essas intervenções apresentam resultados significativos no alívio da sobrecarga e da depressão dos cuidadores, acarretando aumento das habilidades relacionadas ao cuidar, além de melhora da qualidade de vida dessas pessoas.
Diante das mudanças provocadas no novo contexto familiar, o familiar-cuidador precisa conciliar atividades frente ao acúmulo de tarefas, provendo cuidado adequado ao idoso, sem deixar de lado sua vida pessoal e familiar. Esse é um desafio que dificilmente é vencido sem apoio. Alguns familiares-cuidadores assumem o papel de mártires e querem tudo do seu jeito, não permitindo aproximação ou divisão de tarefas. Delegar funções, ter tempo para descansar ou distrair-se sem extrema responsabilidade pode ajudar a enfrentar a tarefa de cuidado. Tornar o percurso mais leve pode garantir boa qualidade de vida. É importante que o cuidador busque informação sobre o processo de envelhecimento normal e sobre o processo de demências, podendo identificar e manejar sintomas com tranquilidade sem confundi-los, para isso o cuidador pode contar com apoio terapêutico orientado por um psicólogo, a qual o profissional além que acolher suas queixas ira passar orientação adequada para um manejo humanizado.

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